ANTES DE LER É BOM SABER...

CONTATO: (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. Este blog - criado em 2008 - não é jornalístico. Fruto de um hobby, é uma compilação de escritos diversos, um trabalho intelectual de cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos de propriedade exclusiva do autor Luís Carlos Freire. Os conteúdos são protegidos. Não autorizo a veiculação desses conteúdos sem o contato prévio, sem a devida concordância. Desautorizo a transcrição literal e parcial, exceto breves trechos isolados, desde que mencionada a fonte, pois pretendo transformar tais estudos em publicações físicas. A quebra da segurança e plágio de conteúdos implicarão penalidade referentes às leis de Direitos Autorais. Luís Carlos Freire descende do mesmo tronco genealógico da escritora Nísia Floresta. O parentesco ocorre pelas raízes de sua mãe, Maria José Gomes Peixoto Freire, neta de Maria Clara de Magalhães Fontoura, trineta de Maria Jucunda de Magalhães Fontoura, descendente do Capitão-Mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, dos quais descende a mãe de Nísia Floresta, Antonia Clara Freire. Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um dos maiores genealogistas potiguares. O livro pode ser pesquisado no Museu Nísia Floresta, no centro da cidade de nome homônimo. Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta, membro da Comissão Norte-Riograndense de Folclore, sócio da Sociedade Científica de Estudos da Arte e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Possui trabalhos científicos sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, publicados nos anais da SBPC, Semana de Humanidade, Congressos etc. 'A linguagem Regionalista no Rio Grande do Norte', publicados neste blog, dentre inúmeros trabalhos na área de história, lendas, costumes, tradições etc. Uma pequena parte das referidas obras ainda não está concluída, inclusive várias são inéditas, mas o autor entendeu ser útil disponibilizá-las, visando contribuir com o conhecimento, pois certos assuntos não são encontrados em livros ou na internet. Algumas pesquisas são fruto de longos estudos, alguns até extensos e aprofundados, arquivos de Natal, Recife, Salvador e na Biblioteca Nacional no RJ, bem como o A Linguagem Regional no Rio Grande do Norte, fruto de 20 anos de estudos em muitas cidades do RN, predominantemente em Nísia Floresta. O autor estuda a história e a cultura popular da Região Metropolitana do Natal. Há muita informação sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, o município homônimo, situado na Região Metropolitana de Natal/RN, lendas, crônicas, artigos, fotos, poesias, etc. OBS. Só publico e respondo comentários que contenham nome completo, e-mail e telefone.

sábado, 19 de novembro de 2016

Ópera de Parnamirim - Entre Alecrins e Xananas..

 
Ópera de Parnamirim - Entre Alecrins e Xananas
Autor Luís Carlos Peixoto Freire
2014
 
INTRODUÇÃO
 
            A “Ópera de Parnamirim – Entre Alecrins e Xananas” é um passeio pelo ontem hoje na história desse importante município da região metropolitana do Natal. Parnamirim sempre atraiu gente do mundo inteiro por inúmeros fatores. Esse fenômeno empresta-lhe características peculiares, tornando-o lugar de muitas identidades. Ainda encontramos nesse pequeno rincão potiguar nuanças interioranas, oriundas de todas as regiões do estado. Em seus bairros se encontram benzedeiras, rendeiras, labirinteiras, sanfoneiros, professores, artistas, empresários... Os folguedos populares pincelam os seus bairros com múltiplas e alegres cores. As fogueiras e os arraiás juninos resistem na alma do povo, espalhando uma folclorização viva e radiante. Aqui os vizinhos se conhecem e se cumprimentam. Ainda se colocam cadeiras na calçada. Há quem faça o grude sobre a folha da bananeira, beiju seco, cuscuz de mandioca mole dentre outras iguarias herdadas dos índios potiguares. É o terceiro município mais populoso do estado.
 
Parece contraditório, mas esse aspecto provinciano divide espaço com uma aura metropolitana e consequentemente moderna. Em Parnamirim existem avançadas instituições de ensino, de cultura, de ciências, um instituto federal de educação, um planetário, a barreira do inferno, bairros amplos e planejados, um dos mais modernos teatros do estado, dentre outros avanços que o colocam na dianteira de outros município. Seus universitários avançam cada vez mais ao encontro do ensino de excelência, versando-se em todas as ciências, preparando-se para os desafios da modernidade.
 
Edificações, conjuntos habitacionais e condomínios modernos, construídos com padrões internacionais. Suas admiráveis torres residenciais, muitas delas construídas por profissionais parnamirinenses. A área comercial urbana, ampla e promissora, fornece todos os produtos e mercadorias dignos das capitais. A modernidade é vista na moda, na cultura, na tecnologia, na automação, dentre tantos empreendimentos.
 
A Base Aérea, ao longo do tempo tem promovido visíveis transformações culturais e sociais no município, haja vista o trânsito de militares de todo o Brasil, cada um trazendo a sua cultura. Seu belo litoral e o aspecto camponês do vale do Pium, atraem oportunidades, turistas e moradores do Mundo inteiro. As influências de outros povos tornou Parnamirim uma babel do Rio Grande do Norte. 
 
A hospitalidade de seu povo reflete também a sua religiosidade. Talvez Parnamirim seja o município brasileiro com o maior número de denominações evangélicas... Todas permeadas pelo olhar de Nossa Senhora de Fátima, sua padroeira. Aqui se vê gente de todos os sotaques, cores e religiões... brancos, negros, asiáticos e índios. Aqui se toma chimarrão, comendo tapioca com carne de sol. 
 
Sob a barba grisalha do mestre de boi-de-reis os jovens dançam hip-hop, streetdance, rock, capoeira, balé e os ritmos modernos sem deixar de reverenciar o rabequeiro, o sanfoneiro e o batuque afro-brasileiro. Em Parnamirim se vivencia a cultura de forma plena.
Parnamirim: terra fértil de cordelistas e escritores. Terra que se publica livros. Terra de músicos de todos os ritmos... Terra de artesão. Em Pirangi, quem não conhece o maior cajueiro do mundo?... único! O presente, em constante avanço e modernização, se confunde com o passado numa relação agradável entre idosos, jovens e crianças. Seu patrimônio histórico, seus causos, suas lendas preservadas na memória popular pelas instituições de fomento à cultura. Parnamirim: município que acontece!
Parnamirim: cidade multicor, multifacetada, pluralista, dinâmica, em constante evolução. Em síntese, a "Ópera de Parnamirim – Entre Alecrins e Xananas" é a história de um lugar que nasceu audacioso e com foros modernos. A ópera traduz um povo ordeiro e trabalhador.
 
JUSTIFICATIVA
 
    Dizem os economistas que “dinheiro atrai dinheiro”. Parodiando esse velho jargão e trazendo-o para o campo da cultura e da arte, pode-se dizer com toda certeza que “modernidade atrai modernidade”. O maior sinal de abertura, hoje, em Parnamirim, nesse campo, é o Cine Teatro Parnamirim Vereador Paulo Barbosa de Sousa. Trata-se de uma instituição moderna, construída para superar expectativas, possuindo instalações aptas para exibir todas as vertentes artísticas em nível regional, nacional e internacional.
   
    Embora o estado do Rio Grande do Norte não possui um histórico de óperas, é a vez de Parnamirim, fazer jus ao seu status de município avançado e mais uma vez sair na dianteira. Parnamirim tem estrutura para exibir essa nobre manifestação artística sem ficar atrás de nenhum espetáculo de onde quer que seja. Feliz é a sociedade que se educa pela arte. O município possui profissionais formadas em balé, dança popular, dança para-folclórica e moderna, música, além de competentes profissionais e técnicos alçados aos bastidores de um palco.
 
A Fundação Parnamirim de Cultura é um polo natural de agregação de artistas, portanto tem a honra de protagonizar esse pioneirismo, sob as mãos de seus profissionais e de artistas da nossa região. A "Ópera de Parnamirim – Entre Alecrins e Xananas" se justifica exatamente pela qualidade de seus integrantes e pelo contexto de um município que está sempre avançando e surpreendendo.
 
O título “entre alecrins e xananas” reflete uma importante significação. Diz a história que antes desse município nascer existia no local extensos campos de alecrins silvestres perfumando as matas. As xananas, bela flor silvestre, sinônimo de força, audácia e vontade de vencer, transforma a região num imenso buquê durante o mês de março. Nada mais conveniente que essa flor pode ser comparado ao povo de Parnamirim, símbolo de resistência. As xananas nascem e se desenvolvem nas frinchas das calçadas, nas paredes dos viadutos, nos canteiros das rodovias, enfim, nos lugares mais contrastantes. Sua bondade é tanta que parece dizer que nasceu para transformar o feio no belo. Não há lugar, por mais feio que pareça, que não se torne deslumbrante quando os seus botões se abrem, atraindo os olhares de todos.
OBJETIVO
 
- Ampliar a qualidade cultural do município de Parnamirim, através de uma das mais belas manifestações da arte - a ópera - que, por sua vez se realizará pela primeira vez no município.
 
METODOLOGIA
 
            Logo após o começo do ano letivo, iniciadas as primeiras aulas de balé e dança, os monitores vão coordenando as atividades de forma que os alunos são preparados para o espetáculo que acontecerá no final de dezembro, culminância de todo o trabalho em sala. Ainda no início do ano o maestro, os músicos e cantores receberão o material teórico justamente para o desencadeamento das atividades pertinentes (musicalização das letras, interpretação e ensaios). O mesmo ocorrerá a outros profissionais.
 
Músicas: Maestro Almeida
Arranjos: Maestro Almeida
Iluminação: Nilza Rebolças Nobre
Cenário: André Batista
Coreografia:Andressa Carla, Lidiane Soares e André Batista (Balé de Parnamirim e Grupo de Dança Popular).
Texto: Salustiano Canabrava (pseudônimo de Luís Carlos Freire)
Lei Rouanet/Fundação José Augusto.
CENA I
 
 
Personagens: índios (homens mulheres, crianças, idosos), navegantes europeus.
 Figurinos: portugueses vestidos com roupas típicas do século XVI. Índios trajando roupas que se reportam a época do descobrimento.
Sinopse: O primeiro contato dos índios do Rio Paraña Mirim com os portugueses/franceses.
Local: Desembocadura do Rio Cajupiranga no Oceano Atlântico, Praia de Pirangi.
Prelúdio: O cenário retrata uma tribo de índios, com mata e ocas, exatamente no trecho onde o rio Cajupiranga desemboca no mar. Vê-se ao fundo uma caravela. Em terra os índios adultos executam diversas tarefas. Uns sustentam cestos nos ombros transportando sua caça. Trazem flechas nas mãos. Mulheres trabalham a massa da macaxeira, preparando o beiju no trempe dentro da oca. Crianças brincam na água do rio. Há muita risada e conversa.
OBS. As palavras emendadas - nos versos - é para efeito de melodia.
 
            
Do início ao fim desta cena há um breve prelúdio orquestral (pedir para o maestro Almeida criar a composição), primando pelos instrumentos de percussão, deixando mais nítido o som dos tambores indígenas para dar originalidade ao ontexto. Da caravela aparece um navegador (tenor indicado pelo maestro Almeida) com uma espécie de monóculo. É o comandante. Há reação de espanto e curiosidade por parte dos nativos. Alguns se colocam em posição de defesa com suas flechas e bordunas.Um índio (outro tenor indicado pelo maestro Almeida) se levanta, faz sinal para que seus companheiros abaixem as armas e, caminhando, canta uma canção em língua tupi:
 
Aspecto de como eram as aldeias nos arredores de Pirangi
 
ATO I
I
O que fazes aqui, figura estranha,
Sois do Céu, da terra
Vens para o bem ou para o mal?
Que apetrechos são esses,
Que nave esdrúxula!
Sois de algum lugar infernal?
II
Como ousas aparecer assim
D’entre as águas do infinito
Poderias ter antes se anunciado!
Somos um povo hospitaleiro,
Em harmonia com a natureza e o Deus Tupã,
Sejas bem-vindo, acaso venhas de bom grado!
III
Aqui nascemos, aqui vivemos há séculos,
Plantando, pescando e caçando.
Nossa riqueza não é o metal vil;
Vivemos rodeado de tesouros incalculáveis
Nossa fauna, nossos rios, nossa flora repleta de pau brasil.
 
 
IV
Somos do bem como lhe disse,
Não é comum recebermos visitantes,
A guerra e paz depende do teu proceder.
Desça de tua nave esquisita
Venha conhecer Pindorama.
Venha comer e beber.
V
Experimente os frutos da nossa terra,
Deguste o beiju e a tapioca,
Banhe-se no Paranã-Mirim,
Aprecie o peixe assado,
Deite na rede preguiçosa,
Nossa terra não tem fim.
VI
Sinto um presságio misterioso
Misterioso ...
Temo pelo nossa nação,
Mas acho tudo misterioso.
 
O verso n. 1 é cantado pelo índio tenor, o verso n. 2 é cantado por uma das índias (soprano) que estavam ralando a macaxeira, o verso n. 3 é cantado em dueto – índio tenor e índia soprano -, o verso n. 4 é cantado pelo índio tenor, o verso n. 5 é cantado em dueto pelo tenor e a soprano, e o verso n. 6 é cantado apenas pela índia soprano.(Maestro Almeida musicar essa letra).
 
CENA II
 
      Enquanto o índio canta, o navegante sai da caravela e caminha lentamente até a tribo, passeando pelo cenário, observando as canoas, as varas de pesca, as ocas, os samburás, os paris, a macaxeira, os índios e demais elementos ali presentes. Num dado momento a índia (soprano indicada por Almeida) se aproxima do comandante, toca-o lentamente e começa a pintar o seu rosto. Ao encerrar a pintura o comandante da embarcação (tenor) se coloca nas margens do rio e canta:
ATO
 
I
Obrigado pela acolhida, oh! bom homem!
Não tenhas medo, não somos de guerra.
Estamos apenas conhecendo o Novo Continente.
Trazemos lembranças da nossa Terra.
Venha, aceite nosso presente.
II
Quanto encanta o verde da vossa Terra.
Que fartura de pássaros, flores e frutos.
Quão belo! Eis aqui oparaíso.
O frescor dessas águas
Faz-nos perder o juízo.
 
 
III
Que belo povo é o vosso,
Diferente... pleno de formosura;
Desacreditariam se na Europa eu contasse
Ter encontrado aqui
Cenário digno do Éden
Nem mesmo que jurasse.
IV
Mostra-me mais encantos
O que esconde essas matas
Quais segredos tendes nela?
Peço-vos permissão
Para que os outros marujos
Possam descer da caravela
 
Aspecto de como as crianças indígenas passavam o dia nos rios e riachos do Paranã-Mirim
            
A ideia de o índio cantar em dueto e o europeu cantar solo assinala a superioridade e a força dos povos indígenas, embora o último verso mostra a voz apenas da soprano, a qual canta com sinais de fraqueza, prenunciando a degradação que sua nação sofrerá. Ao mesmo tempo a cena evidencia a vigilância do instinto materno, ao prever que, mesmo o viajante demonstrando ter vindo em missão de paz, há sinais de algo ruim preste a acontecer.
 
 
CENA III
 
Nesse instante os marujos (grupo de balé) que aguardavam na caravela descem com presentes e passam a distribuí-los aos índios. Logo em seguida forma-se um bailado entre os marujos europeus(grupo de Andressa) e índios (brincantes do grupo de André), o som da orquestra (composição de Almeida). Tanto os (as) bailarinos (as) quanto os brincantes apresentam uma coreografia distinta, separada uma da outra. Só depois eles dançam juntos. A ideia é fazer uma alusão a fusão de duas culturas diferentes que acabam de se encontrar. (Maestro Almeida fará a composição musical dessa cena). Durante o bailado os (as) bailarinos (as) oferecem aos índios espelhos de bolso, facas, machados etc com o propósito de ludibriá-los e traficar pau-brasil.
 
CENA IV
Personagens: Jesuítas evangelizando a aldeia,índios sendo escravizados pelos europeus, carregando pau-brasil para as caravelas, índios morrendo de febre e gripe.
Figurinos: europeus (jesuítas e navegantes) vestidos com roupas típicas do século XVI. Índios trajando roupas que se reportam a época do descobrimento.
Sinopse: Degradação da cultura indígena/ A disseminação de doenças/ O portugueses/franceses traficantes de pau-brasil.
Local: Desembocadura do Rio Cajupiranga no Oceano Atlântico, Praia de Pirangi.
Prelúdio: Ao som de composição (melodia) inédita criada pelo Maestro Almeida,entra em cena o corpo de balé, exibindo uma coreografia que retrata as mazelas impostas à sua nação: padres evangelizando, índios moribundos sobre folhas de bananeira, índios amarrados, carregando pau-brasil.
 
CENA V
            A mesma índia (soprano) do 1º ato, vestida com roupas europeias (esfarrapadas), entra cambaleante quando o corpo de balé ainda está se apresentando. Ela caminha lentamente, escora numa rocha e começa a cantar.

Aspecto do cotidiano dos aldeamentos locais, coordenados pelos Jesuítas
 
ATO I
 
I
Eis quão tirano sois, homem d’além mar
Haverás de pagar a traição que nos legaste
Destruíste o nosso deus Tupã
Trouxeste contigo maldições e doenças
Dizimaste as nossas matas
Não há mais entre nós uma pessoa .
II
Quiseste fazer-nos escravo
Exploraste nossos corpos e nossa terra,
Nossa cultura dizimaste.
Traiste nossa confiança
Nossas riquezas roubaste.
 
Figura 1. Índios acometidos por moléstias trazidas pelos europeus. Vê-se aqui um sepultamento.
 
III
 
Quão mercenário sois,
Não soubeste nos respeitar.
Homem inconsequente;
A ti oferecemos o ouro
E tu, ganancioso,
Tornaste-nos indigente.
 
 Índios agonizando em folhas de bananeira, acometidos por moléstias.
 
IV
Esperamos que um dia
Teu povo tenha ao menos dignidade,
De nos pedirperdão.
Por tudo o que nos fizeste,
Tendo consciência dos danos
Causados a nossa nação
V
Foste tirano e opressor
Trataste-nos como nação inferior
No mais insano ato de loucura
Sequer tiveste a idoneidade
De apreciar e cuidar
Da nossa vasta cultura.

            Nesse momento, o índio (tenor) que se encontrava em algum ponto do cenário, se levanta e começa a cantar.
I
Imputaste a nós uma crença estranha.
Antes, acreditávamos no que víamos,
O sol, a mãe terra de riquezas incríveis,
Idolatrávamos a lua,
De repente, confusos,
Forçaram-nos a crer no invisível.
 
Os índios eram mostrados na Europa como se usassem roupas europeias
 
II
Vá embora homem branco,
Não queira nos enlouquecer,
Deixa-nos em paz!
O que pensas ter de tão superior
Para subestimar nossa nação
Desapareça... não volte mais!
III
Viveremos bem sem tua presença,
Disso tenha certeza absoluta.
Não precisamos da tua interferência,
Somos um povo organizado
E tu insiste em ver-nos
Como retrato dainocência.
IV
Pelo que se percebe, nobre português
Tornaste dono de tudo o que é nosso,
Mas uma coisa jamais conseguirás,
Por mais que tente,
Por mais que nos humilhe,
É o nosso povo escravizar.
V
Se não fossem as tuas armas
E a tua covardia
Sairias daqui flechado
E jamais voltaria
Tiraste a nossa dignidade
Vá e nos deixe sossegado!
 
CENA VI
 
No momento em que o índio canta, os dois grupos que anteriormente dançaram (balé: representando europeus, e Xaxado: representando os índios) estão frente a frente e interagem em conformidade com a letra da música, por exemplo, no verso n. V, quando ele diz “sairias daqui flechado”, os índios empunham suas flechas e bordunas, simulando atacar os europeus. A encenação (gesto, fisionomia etc deve combinar fielmente com as notas/acordes musicais.De repente eles se afastam e ocupam lugares diferentes no cenário. Nesse momento aparece o comandante (tenor) e começa a cantar:
 
ATO I
I
O que pensava querermos
Em terras tão distantes
Penas, sementes, couro?
Não sejas ingênuo, oh! índio,
Viemos em busca de tudo
Tua terra é um tesouro.
II
Agora é tarde, não lastime,
“Não chore pelo leite derramado”
Ou por bem ou por mal
Empunhando flechas ou não
Essa terra agora pertence
Ao Reino de Portugal!
 
Figura 2. Europeus tentando escravizar os índios.
 
IV
Em outros trechos de tua nação
Engenhos operam diariamente.
Caravelas saem lotadas...
Pedras preciosas, madeira de lei e muito ouro,
Riquezas sem fim
Para lá são transportadas.
V
Não nos importamos com tua raça
Tudo aqui já nos pertence
Muitos virão para colonizar
Vilas e províncias surgirão
Acostuma-te, oh! índio!
Não há mais que reclamar.
 
CENA VII
 
 
Ano 1881. Diante do cenário da Estação Ferroviária de Parnamirim pessoas (Grupo Xaxado) se locomovem com malas (tipo baús), tabuleiros de doces e salgados, outras carregam sacos (tipo de açúcar); alguns casais trajam figurinos sofisticados, representando grandes donos de terras (homens usam ternos sofisticados e as mulheres usam anquinhas), outros se vestem com maior simplicidade. A cena retrata o advento das estações ferroviárias que passaram a ser construídas na região, pelos ingleses da “Companhia Great Western”, sendo Parnamirim, Natal, Ceará-Mirim, Nísia Floresta, São José de Mipibu, Canguaretama e Nova Cruz os primeiros municípios onde os trens deslizaram. O cenário está bem iluminado. Dentre os passageiros que transitam para lá e cá, um deles (tenor) passa a receber luz direta, mais forte. Ele começa a cantar:
 
ATO I
I
Piuiu... piui...piui,
O trem parou na Estação,
O progresso chegou aqui,
A elegante ‘Maria-Fumaça’
Traz gente, traz cana,
Melado, banana
Malas, fazendas,
Cocadas, sapatos,
Anéis, azulejos,
Chapéus, relógios,
Louças, bengalas,
Ferragens, aviamentos,
Pianos, móveis,
Cortinas, ladrilhos...
Piui... piui...piui...
(Observação: O trecho sublinhado é cantado como se fosse o barulho do movimento das rodas do trem)
II
Sejam bem vindos a Estação Parnamirim!
É tanta gente chegando,
Vem vaqueiros do sertão,
Camponeses do Seridó
Os anos vão se passando
O céu se tinge de pó.
III
A feira é um vuco-vuco,
Tem de tudo com fartura;
Entre tanto-lusco-fusco,
Um boi-de-reis e sua diabrura
IV
Um distrito em prosperidade
A julgar pelo que se vê
Em breve será cidade
Disso tu pode crer.
 
CENA VIII
 
Piloto Jean Mermoz (acima)

Piloto Jean Vachet
 
(Encerrado o canto do comandante (tenor) as cortinas se fecham para a mudança de cenário. Ao abri-las, deixa-se evidente o desenho de canaviais, engenhos Cajupiranga, Pitimbu, Japecanga e Taborda; escravos, capitães do mato e senhores de engenho. O outro lado do cenário mostra um campo de aviação com aviadores europeus (Jean Mermoz e Paul Vachet). A cena estampa dois momentos importantes da história de Parnamirim: do lado direito, o passado da colonização que abarcava toda essa região, o ciclo da cana-de-açúcar e, mais tarde, a migração e o advento da aviação, representada do lado esquerdo do palco).
Na abertura das cortinas, aparece, do lado direito, um senhor de engenho (tenor) e começa a cantar:
ATO I
 
I
Quanta prosperidade
Quantos rios, quanta água
Veja o engenho Cajupiranga
Rapaduras, melaço, farinha
Os partidos viçosos de cana
Suco delicioso de pitanga
II
Eis o paraña-mirim,
Terra de engenho e fartura,
Carros-de-boi gemem nas estradas de barro batido,
Levando o fruto do trabalho do homem
Às paragens e vilas.
E, debaixo da carga, o escravo fugido.
 
Aspecto de variados riachos que serpenteiam os vales de Parnamirim
 
III
Veja seu litoral verdejante,
Um mar verde coalhado de jangadas
Matas viçosas, coqueiros semfim
Terra linda de encantos mil
Os vindouros a chamarão
Parnamirim.
 
As jangadas que ainda resistem nos mares potiguares
 
IV
Teus ares anunciam avanços,
Dizendo que serás no futuro
Uma das mais prósperas da região.
Daqui brotarão frutos altivos de toda espécie.
Indústrias, academias e intelectos avançados
Farão forte esse rincão.
 
CENA X
 
 
Cena comum aos engenhos Taborda, Cajupiranga e Japecanga, terras parnamirinenses.
 
Encerrado o canto, o ‘senhor de engenho’ (tenor) se afasta lentamente sob um efeito de luz denotando um final de tarde (espécie de pôr-do-sol), cuja intensidade vai diminuindo gradativamente.
Simultaneamente o cenário ao lado – representando outra época – vai recebendo luz que se intensifica. Nesse instante aparece o português Manuel Machado (tenor), proprietário de grandes extensão de terras da localidade, trajando calça social cinza, camisa azul celeste, cinto social bem fino, sapato de bico fino, chapéu de feltro, relógio de bolso (deixando aparecer a corrente de prata) e bengala.  Sua presença é anunciada por arranjos musicais que lembram canções portuguesas. Enquanto o Manuel Machado (tenor) canta, o balé (Andressa) e Xaxado (André) exibem uma coreografia que representa migrantes vindos do Seridó e do sertão. Alguns portam malas, bornás, trouxas suspensas por pedaços de paus segurados nos ombros. Outros trazem enxadas, foices, facões etc.
 
  Manoel Machado
 
ATO I
 
I
Bem vindos, ó migrantes,
Sertanejos, seridoenses, não importa
Sois um povo trabalhador e ordeiro
Faça de nossos campos de Alecrim tua cama
Somos um povo hospitaleiro.
 
 
II
Vens cansado da estiagem,
Trazes na mala a coragem,
Esperançoso de vencer na vida.
Venha trabalhar, homem bom,
Forme aqui tua família.
III
Essas paragens prometem
Avanços de toda sorte,
Vejo aqui luz e prosperidade.
Bons ventos anunciam
Brevemente uma cidade.
 
CENA XI
 
Piloto norte-americana Amélia Earhart
 
Encerrada canção, os céus estrondam ao som de aviões.Há um jogo de luz para permitir que os dançarinos se retirem discretamente. Nesse momento surgem três aviadores. O primeiro é Paul Vachet (tenor), o segundo é Jean Mermoz (tenor) e o terceiro é Amélia Hearth (soprano), a primeira aviadora a pousar em terras parnamirinenses). Os três cantam, se alternando nos versos.
Paul Vachet canta:
ATO I
 
I
Oh! Boa noite meus senhores todos,
Oh! Boa noite, senhoras também.
Somos aviadores de outras paragens
Viemos todos em missão debem
II
Representamos um marco na história,
Somos início da aviação,
Somos aventureiros, misto de correios,
Voos civis a iniciação.
III
Muito prazer, senhor Manuel Machado
Obrigado pela recepção
Resta-nos agora lugar adequado
Para fazer um campo de avião
IV
O meu nome é Paul Vachet,
Sou piloto desse avião,
Eu venho da França,
Da França distante
Estamos juntos em linda missão.
V
Sou o piloto Jean Mermoz,
Deixe agora eu me apresentar,
Estamos abrindo as linhas aéreas,
E brevemente tudo vai mudar.
VI
Sou a piloto Amélia Earhart
Estou aqui com igual missão
Sou dos Estados Unidos
Venho de outra terra
Participar de uma inovação.
VII
A todos vós eu dou boa acolhida,
Sejam bem vindos oh! caros irmãos
Sou Manuel Machado,
Migrante português,
Proprietário dessa extensão.
VIII
A vós pedimos grata gentileza
De nos doar um campo praaviação
Em breve verás, com toda certeza
Aeronaves por todaregião.
IX
Também sou um europeu visionário
Quero o melhor para essa terra, sim,
Demarcaremos o solo
O solo escolheremos
Do belo campo de Parnamirim.
X
Muito obrigado, oh! grande homem,
Veja esse solo e o céu de anil,
Breve aqui será, aqui será bem breve
O aeroporto mais movimentado do Brasil.
(cantam em trio os três aviadores)
XI
E eis aqui o início de uma história,
De um progresso que não terá fim
Cá está o marco de uma cidade
A bela índia que é Parnamirim.
(cantam em quarteto, unindo-se a Manuel Machado)
 
CENA XII
 
Presidente Getúlio Vargas recebendo o presidente americano Franklin Delano Roosevelt em Natal, na 'Rampa'
 
Aspecto do Aeroporto de Parnamirim em 1947, considerado 'o mais movimentado do Mundo' à época.
           
        Nesse momento as cortinas, ou o cenário móvel é mudado, aparecendo imagens alusivas á época da Segunda Guerra Mundial: o Aeroporto de Parnamirim, aviões, flagrantes dos americanos em vários pontos, obras em execução, e o encontro entre os presidentes Getúlio Vargas e Roosevelt (de acordo com as fotos de época).
          Nesse momento, o presidente americano Roosevelt (barítono ou tenor), trajando terno branco, chapéu branco, cinto, sapatos pretos e bengala, entra e começa a cantar:
ATO I
I
Senhor presidente Getúlio Vargas,
Bem sabes que estamos em guerra
Com Alemanha, Japão e Itália.
Nossas relações estão cortadas.
Viemos pedir autorização a vós
Para aqui fazermos a nossa base aliada
II
Com a vossa permissão
Faremos aqui a Base Aérea
Doaremos tudo a Parnamirim
Além de armas e munição.
Notamos que essa região brasileira
Vive numa paz extremada,
Apenas o Sudeste do país
Possui estrutura armada.
 
 
III
Parnamirim é ponto estratégico
Para a nossa aviação.
Seremos um complexo bélico
O mais forte da nação.
IV
Somos abnegados em nossas metas;
Para isso vamos a fundo
Breve o solo potiguar, isso é coisa certa,
 Terá o aeroporto mais movimentado do mundo
V
Aos brasileiros daremos capacitação;
Serão todos preparados,
Para iniciar a construção
De um complexo organizado.
VI
Casas, pistas, estradas e hangares,
Cinema, Igreja, Setor de Comando
Parnamirim terá novos ares;
Tecnologia de ponta aqui se instalando.
VII
As mudanças serão incontáveis.
Novidades a toda hora
Aqui chegarão figuras notáveis
Que ficarão na história.
 
Figura 3. Brigadeiro Eduardo Gomes, Dom Marcolino Dantas (Bispo de Natal) e Eleonor Roosevelt (esposa do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt - Década de 40.
 
VIII
Políticos e chefes de Estado
Até mesmo celebridades
De nomes respeitados
Movimentarão a cidade.
 
IX
Vosso povo será treinado;
A guerra muda o comportamento,
Algum blecaute será instalado,
Mas sem prenúncio de tormento
 
CENA XIV
 
Presidente Getúlio Dorneles Vargas
 
Encerrado o canto, surge após um jogo de luz a figura de Getúlio Vargas (tenor), trajando calça terno branco (completo), cinto preto, chapéu branco e sapato preto. E começa a cantar:
I
Bem sabes vós, Roosevelt, Presidente
Sou homem de decisões demoradas
Mas, pelo que se pressente
Não lhe devo resposta delongada.
II
Dou-lhe a palavra sem restrições;
Mantínhamos amizade com Hitler,
Mas’inda hoje cortaremos relações
Do contrário tenha como alvitre.
III
Declararei guerra aos países do Eixo.
O Brasil apoia a vossa nação.
Para isso de nada me queixo
Está selada a nossa união.
IV
Nosso país ainda tão novo
Precisa provar outras experiências
É assim que avança um povo
É assim que se conquista as ciências.
V
Avante brasileiros, rumo à missão,
Vamos nos juntar aos Estados Unidos
Declaro guerra à Itália, Alemanha e Japão!
Unidos não seremos vencidos!
VI
É assim que se fala, Presidente Getúlio,
Obrigado por estar do nosso lado.
Um dia sentirás orgulho
Por ter nos apoiado.
 
XV
 
A paraibana "Maria Boa". Com um elegante e organizado prostíbulo conquistou os americanos. Sua beleza e os modos cativantes encantavam quem a conhecesse.
 
Encerrado o canto de Getúlio Vargas, surge um cenário representando o interior luxuoso do Cabaré da “Maria Boa”. Um foco de luz vermelha é direcionado a uma bela mulher de vestido vermelho. Ela tem as unhas e os lábios pintados na mesma cor. É justamente Maria de Oliveira Bastos (24.6.1920 - 22.7.1997), a “Maria Boa”, proprietária do estabelecimento. Ela caminha elegantemente e se senta numa mesa de bar onde está sentado um militar americano oficialmente trajado. A cena é muda. Ali eles simulam conversar. “Maria Boa”, com modos muito femininos e educados, usa uma piteira. De repente, um personagem (tenor) ou uma mulher (soprano) entra e começa a cantar.
 
 Encantado por "Maria Boa", um oficial norte-americano prometeu-lhe batizar um avião com o seu nome. E a promessa foi cumprida.

"Maria Boa" aos 47 anos
 
ATO I
 
I
Em Parnamirim, cada dia surge mais casa,
É o povo na peleja
Comida feita na brasa
No centro até uma igreja.
 
II

 
O derredor da Base Leste se enche de mocambo
Construída de palha e capim
Muita gente em molambo
Faz ali o seu cantinho.
III
A venda de Firmo & Malaquias
Vende tudo nessas cercanias
As famosas terras do Jiló
 Dono ruim de dar dó.
A Capela Nossa Senhora da Penha
Passagem de Areia do fogão à lenha
IV
Engenho Taborda, riqueza
Tem tudo na sua mesa
Nas águas frescas do Pitimbu
Fartam-se de aratus
Tantas rendeiras e labirinteiras
Mulheres fortes guerreiras
V
O cabaré de Severino Caceteiro
Isabel Rodinha, Maria da Mata, e Corina
O de Zefa Gorda, lugar presepeiro
Das festas com as meninas
VI
O hotel Glória, da “Baiana”
Pau furado, de Gonçalo Magro
O bar, do “Pimenta” bacana
Lugar cheio de agrado
VII
O Pastoril da Arlete
“Barracão de Otávio Castro”
De avião veio o chiclete
O americano fez o seu rasto
VIII
Lá está a lavanderia!
 Tem até muito cacimbão.
Veja quanta alegria.
Tudo vem pela estação.
IX
Escola linda ali no centro
Perto da casa da donaMaria
Rodeada de coentro
De frente a padaria
X
Meu Deus... o tempo passa
Veja o povo em emoção
Tudo isso é pura graça
Parece breve a emancipação.
XI
Em Natal se fala i’mlove
Em Parnamirim boy e girl
Chiclete não há quem não prove
Calça jeans da cor do céu.
 
 
XII
A sirene não soa em inglês
Todos tomam Coca Cola
Ao toque de recolher
Escuridão de fora a fora.
 
XIII
 
 
Brasileiras e americanos se casam todo dia
Aviões roncam nos ares
Tudo está como se previa
Grande tensão ocorre em nossosmares
XV
Submarinos, suspeita de espionagem
No meio da guerra, potiguares inocentes,
Mas tudo é mera sondagem
Ninguém prejudicou nossa gente.
XVI
E no meio da movimentação,
O Cabaré de “Maria Boa”,
Caminho certo de militares à toa
Salão de pura agitação.
XVII
Paraibana de rara beleza
Tomada emformosura
Tratava a todos com fineza
Não permitia descompostura
XVIII
Recebia homens importantes
Que vinham atrás de ‘meninas’
Coronéis, sargentos e comerciantes
Cobriam-lhes de jóias finas
XIX
Maria de Oliveira Bastos é o seu nome
De “Maria Boa” um avião foi batizado.
Conquistou todos os homens
Que por ela ficavam encantados.
XX
Mas um detalhe essa mulher escondia.
Mesmo que lhe ofertassem ouro de montão
A ninguém ela se prendia
Não trocava nada pela sua diversão
XXI
O Cabaré de “Maria Boa” era assim
E assim foi por muito tempo
Nos velhos campos de Alecrim
Para muitos um tormento.
 
CENA XVI
 
         Aspecto do "Pastoril", no qual predominam mulheres que disputam versos entre si, divididas pelas cores azul e vermelha.
 
      Em sua almofada a 'mulher rendeira' manuseia os centenários bilros, dando origem às mais belas peças de renda.

       Num cenário moderno, à esquerda do palco, se vê as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Norte e de Parnamirim. Elas tremulam ao lado do “Palácio da Cidade”, tendo ao lado a reprodução de fotos que registraram o dia da emancipação política do município. No cenário do lado direito vê-se imagens que evocam a gradual evolução do município: O “Cajueiro de Pirangi”, a Barreira do Inferno, indústrias evocando o polo industrial de Parnamirim, o Teatro municipal... Mostrar momentos diferentes da história denota explicitar o progresso.Quando o tenor começar a cantar, bailarinos e brincantes vão representando as cenas, por exemplo, o verso nº XIII, que diz: “Boi-de-Reis, Pastoril/Mulher rendeira e cocada/As riquezas do Brasil/Aqui são todas preservadas”, pode ter atores vestidos com as indumentárias do próprio Boi-de-Reis dançando no palco, seguido do Pastoril, enquanto um menino desfila com um tabuleiro de cocada. É apenas exemplo de uma diversidade de cenas que podem ser exibidas no palco, baseadas na canção.
 
 Aspecto da Praça "Madre de Deus" em décadas passadas.
 
I
O tempo passou,
Os americanos foram embora.
Em 58 a emancipação política chegou.
Avançar mais estava na hora.
II
Deoclécio Marques de Lucena
Em 59 foi nomeado.
Fez administração amena,
Em 60 Ilson Santos foi empossado.
III
Primeiro prefeito oficialmente eleito;
Iniciou-se um novo tempo.
Muito estava para ser feito
Teve início o desenvolvimento.
 
IV
 
 
Após muitas administrações,
Parnamirim cresceu com altruísmo;
Barreira do Inferno, uma das atrações
Dentre o seu grande rol deturismo.
V
O cajueiro de Pirangi
Referência internacional
Não há quem venha aqui
Que não leve dele um postal
 
 
VI
Seus mares verdes encantam,
Pium, terra fértil e verdejante,
Seus vales dão tudo o que plantam,
Pium é um Éden inebriante.
VII
O rico polo industrial,
Às margens da Tabajara,
Cada dia dá sinal
Que seu progresso não para.
 
Cine Teatro Municipal de Parnamirim
 
VIII
“Cine-Teatro, um dos mais sofisticados
De todo o belo Nordeste.
Um dos mais equipados
É o Planetário logo ao leste.
IX
Parnamirim é notícia nas revistas,
Redes sociai
s e televisão.
Evolui a olhos vistos
Um dos mais ricos da nação.
 
  IFRN DE PARNAMIRIM
 
X
Educação de excelência
De todo lado se encontra
Centros técnicos dedecência
E profissionais de ponta.
XI
A população cresce a cada dia.
Culturas diversas se fundem,
Gente de toda freguesia
Vem de longe e aqui se unem.
XII
A Base Aérea e seu conjunto histórico,
A casa dos franceses original.
Seu patrimônio folclórico
Infinito, sem igual.
 
 
XIII
Boi-de-Reis, Pastoril,
Mulher rendeira e cocada.
As riquezas do Brasil
Aqui são todas preservadas.
XIV
Grude, cuscuz e tapioca,
Sucos de todos os sabores,
Carne de sol e paçoca,
Cidade de múltiplas cores.
 
 
XV
Puro cheiro de sertão,
De agreste e Seridó,
De gente de outra nação,
Que traduz um povo só.
XVI
Uma rica cidade
Que não esqueceu suas raízes
O progresso não matou a simplicidade
Ninguém esqueceu as origens.
 
 
XVII
É isso que faz de Parnamirim
Município próspero, hospitaleiro
Que foi um campo de alecrim
Hoje é forte e guerreiro.
XVIII
Um dos melhores aeroportos do país
Sem motivo daqui foi levado
Mas a coragem do seu povo é quem diz
Que tudo será superado
 
 
XIX
Um povo guerreiro e forte
Não teme as tiranias,
Trabalha e acredita na sorte
E reconquista melhorias.
XX
Canto essa terra celeiro
De múltiplas manifestações
Que alça voo altaneiro
Dentre incontáveis rincões.
 
 
Encerrada essa canção, todos cantores (tenores, barítonos e sopranos) que se exibiram anteriormente entram lentamente no palco juntamente com os bailarinos e brincantes, e começam a cantar, em coro:
I
Bem vindo, bem vindo oh! viajante,
Estrangeiro ou retirante.
Tu estás numa cidade moderna,
De população fraterna,
Que veio de lugares distantes,
E daqui tornou-se amante.
II
Pastoril e Boi-de-Reis
Todo dia, todo mês.
Batuques de coco-de-roda
Mestre Elpídio não saiu de moda
O Xaxado tem a cara de Lampião
Patrimônio da nossa região.
 
 
III
Tem o espetáculo “As Asas da História”
O seu povo a tudo dá glória
É uma festa o “Beco do Picado”
Não há quem não fique animado.
O Mercado Públicona memória do povo
Renasce de novo.
IV
Cidade próspera, cheia de cores
Rio Pequeno, repleto de amores
Trampolim da Vitória alguns anos
Te chamaram os americanos
Tua feira de mil sabores
Terra de arte e de atores
V
Mesmo rica seu povo é humilde
Já chamada Parnamirim Field
Desde o Engenho Cajupiranga
Do melado às belas pitangas
Great Western a história incide
Com o progresso ela coincide.
VI
A Colônia Pium dos Japoneses
Fez história por muitas vezes
Parnamirim de rica economia
Povo pleno em sabedoria
Dali da estação dos ingleses
Retirantes se tornaram fregueses
VII
 
 
Essa é a nossa Parnamirim
Dos campos acanhados do alecrim
A uma terra avançada.
De juventude adiantada
Parnamirim, cidade humana
És um jardim de xananas
Embelezando tuas máquinas
Com a benção da Virgem de Fátima
 
Fim 
 

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